15 de janeiro de 2022 às 10:30
Estatísticas sobre o número de casos e de mortes, dados de hospitalização e de atendimento por sintomas respiratórios são peças essenciais para compor o cenário epidemiológico da pandemia de Covid-19.
Nos últimos dias, os boletins divulgados pelo Ministério da Saúde têm apresentado uma alta no número de novas infecções confirmadas no Brasil. Na sexta-feira (14), foram registrados 112.286 casos da doença e 251 mortes. No entanto, os dados sobre óbitos sobem mais lentamente, com média móvel em torno de 130 vítimas da doença por dia no país.
A discrepância entre o número de casos e de mortes pode ser facilmente observada ao acompanhar as médias móveis.
Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), entre 3 de janeiro e 13 de janeiro, a média móvel de casos foi de 8.400 para 61.141 — um crescimento de 627%.
Já a média móvel de óbitos cresceu num ritmo inferior: foi de 96, em 3 de janeiro, para 129, em 13 de janeiro — uma taxa de 34% de crescimento.
Especialistas consultados pela CNN explicam que o descompasso entre os dois índices pode ter causas multifatoriais.
Uma das hipóteses é o indício de que a variante Ômicron, que tem se espalhado rapidamente pelo país, está associada a quadros clínicos mais leves. Outro ponto relevante é o avanço da vacinação, alcançado especialmente no segundo semestre de 2021.
A exposição de grande parte da população à infecção natural pelo vírus, o que confere certa imunidade, também pode contribuir para que o número de mortes se mantenha estável.
Ainda assim, nas últimas 24 horas, houve um aumento de 44% no número de óbitos – o que indica que o número de mortes pode aumentar também, ainda que mais lentamente.
Álvaro Furtado, infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP disse à CNN que isso ocorre à medida que se atravessa a explosão em casos leves, porque há uma quantidade relevante de pessoas que não foram vacinadas no Brasil — o país tem a cobertura de duas doses em 68% das pessoas.
“Esse aumento de [óbitos] ocorre porque temos pessoas não vacinadas que pegam a doença e evoluem para forma grave”.
Ele explica que, numericamente, quando há muitos casos notificados, como está acontecendo com a variante Ômicron, é esperado que se aumente o número de pessoas com quadro grave também e, eventualmente, o número de óbitos. “Matematicamente falando, com mais casos, mais chance de ter possibilidade de casos graves e ocasionalmente mortes”.
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CNN Brasil
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