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Pesquisa acompanha homem que testou positivo para Covid durante 232 dias

15 de janeiro de 2022 às 12:11

Pesquisadores da Plataforma Científica Pasteur-USP (PCPU) acompanharam um caso atípico de infecção por Covid-19: um homem de 38 anos, que apresentou durante 20 dias sintomas leves de coronavírus, permaneceu por 232 dias com vírus sendo detectado no organismo e sofrendo mutações. Os resultados foram publicados na revista Frontiers in Medicine.

O caso raro de infecção pelo SARS-CoV-2 faz parte de um grupo de 38 pacientes acompanhados semanalmente.

O paciente foi mantido em distanciamento social e continuou usado máscara. Caso contrário, ele poderia ter disseminado o patógeno por mais de sete meses.

Os pacientes foram seguidos até que dois ou três testes consecutivos de RT-PCR dessem negativo.

O estudo, apoiado pela FAPESP, alerta sobre o risco de liberar pacientes com Covid-19 após sete, dez ou mesmo 14 dias do teste positivo — como previam os protocolos iniciais de combate ao coronavírus.

Marielton dos Passos Cunha, primeiro autor do estudo, realizado durante estágio de pós-doutorado na PCPU, explica que dos 38 casos que acompanhamos, dois homens e uma mulher foram atípicos, permanecendo mais de 70 dias com o vírus detectável no organismo.

“Baseados nesse resultado, podemos dizer que cerca de 8% dos infectados pelo SARS-CoV-2 podem apresentar capacidade de transmissão do vírus por mais de dois meses, sem necessariamente apresentar qualquer sintoma durante a fase final da infecção.”

Vírus permanece no organismo

Os pesquisadores queriam saber se 14 dias eram realmente suficientes para que o vírus deixasse de ser detectável.

“Verificamos que não. Em média, pode demorar um mês para que o teste dê negativo e, em alguns casos desse estudo, a positividade se estendeu de 71 a 232 dias”, conta Paola Minoprio, uma das coordenadoras da PCPU e líder do estudo.

Esta não foi a primeira vez em que pacientes com sintomas leves ficaram com ativo no organismo por mais tempo do que o esperado.

Em 2021, pesquisadores do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP) analisaram 29 amostras de de pessoas que testaram positivo para Covid-19.

O material foi coletado em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no décimo dia após o início dos sintomas e, em laboratório, inoculado em culturas de células.

Em 25% dos casos, o vírus presente nas amostras se mostrou capaz de infectar as células e de se replicar in vitro. O risco parece ser ainda maior no caso de indivíduos com algum tipo de comprometimento do sistema imune.

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP descreveram, em junho do ano passado, um caso de infecção que durou ao menos 218 dias. O paciente, de aproximadamente 40 anos, havia passado por um tratamento agressivo contra o câncer antes de contrair a Covid-19.

CNN Brasil

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