9 de fevereiro de 2022 às 8:59
O risco fiscal da adoção de políticas que aumentam o gasto e reduzem a arrecadação em ano eleitoral, como a proposta de emenda à Constituição (PEC) que permite zerar impostos federais de gasolina e diesel, está fazendo o mercado prever que os juros vão subir mais e ficar em patamar elevado por mais tempo.
Cresce a parcela de economistas que estimam que os juros possam encerrar o ano acima de 12%, embora a última pesquisa Focus, do Banco Central (BC) ainda aponte uma corrente majoritária que espera taxa de 11,75% ao ano. Agora, já há quem preveja juros de 12,5% ao ano em dezembro.
Há duas propostas que mexem com tributos de combustíveis no Congresso. A PEC dos Combustíveis foi apresentada na Câmara e prevê zerar os tributos sobre gasolina, diesel e gás, sem compensação de receita. O impacto estimado é de R$ 54 bilhões.
E a chamada "PEC Kamikaze", apresentada no Senado e que, além da redução de impostos, propõe um vale-diesel para caminhoneiros e subsídios para mobilidade urbana, com impacto total de cerca de R$ 100 bilhões.
Esta última já conta com as assinaturas necessárias para tramitar no Senado, incluindo a de Flávio Bolsonaro (PSL/RJ), filho do presidente da República.
Ata do Copom mais dura
O temor dos analistas, caso uma dessas PECs vá à frente, é o mesmo do Banco Central, conforme ficou claro na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que aconteceu na última quarta-feira, quando a Selic subiu de 9,25% para 10,75% ao ano.
“O Comitê nota que mesmo políticas fiscais que tenham efeitos baixistas sobre a inflação no curto prazo podem causar deterioração nos prêmios de risco, aumento das expectativas de inflação e, consequentemente, um efeito altista na inflação prospectiva”, diz a ata.
A avaliação de Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos, é que a ata do Copom foi mais dura que a própria carta que Roberto Campos Neto, presidente do BC, escreveu para justificar o descumprimento da meta de inflação em 2021, mostrando claramente como a condução da política fiscal está prejudicando a política monetária:
— Essas políticas de curto prazo são mais eleitoreiras e só jogam o problema para o próximo ano, porque aumentam o risco Brasil, aumentam o prêmio de risco que vamos pagar para quem investir aqui e geram mais inflação.
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O GLOBO
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