Blog do Dina - 'Como um falcão, abri os braços e coloquei cinco sob o meu corpo', conta sobrevivente da tragédia de Capitólio que levou 200 pontos na cabeça


'Como um falcão, abri os braços e coloquei cinco sob o meu corpo', conta sobrevivente da tragédia de Capitólio que levou 200 pontos na cabeça

14 de fevereiro de 2022 às 11:21

"Sou mineira, advogada, tenho 46 anos e moro no Rio há 23. Assim como em outros anos, passei as festas em Belo Horizonte, onde minha família mora. Em janeiro, alugamos uma casa em Escarpas do Lado, um bairro de Capitólio. A ideia era passar uma semana relaxante com a minha mãe, irmãs, cunhados, sobrinhos e amigos.

Tenho dois filhos: Bernardo, de 19, preferiu ir para Búzios, e Felipe, de 14, me acompanhou. O ponto alto seria o tour de lancha pelo Lago de Furnas, passeio que fiz várias vezes durante a adolescência.

A chuva não deu trégua e fomos adiando. Até que no sábado, dia 8 de janeiro, o tempo finalmente estiou. Resolvemos ir. Na lancha, estavam, além de mim, meu filho Felipe, minhas duas irmãs e cunhados, quatro sobrinhos com idades entre 10 e 14 anos, e um casal de amigos com dois filhos nessa faixa etária. Em direção aos cânions, fomos parando. Meia hora teria feito a maior diferença, para o bem ou para o mal.

Depois de 20 minutos ao lado dos cânions, percebi que pedras de cerca de 30 centímetros começaram a se desprender. Estava na proa com três sobrinhos e os dois filhos do casal amigo, e o grupo pediu ao barqueiro para a gente voltar.

Já estávamos retornando, quando ouvi berros. Ao me virar, assisti à cena que parecia de filme, a imensa pedra se descolando e caindo. Gritei para o garotos: ‘Fiquem embaixo de mim’. Como um falcão, abri os braços e coloquei os cinco sob o meu corpo. Minha missão era salvá-los.

A lancha afundou e fui sugada por não estar, ao contrário dos garotos, com colete salva-vidas. Ao emergir entre os destroços, meu rosto sangrava. Eu ainda não sabia, mas minha orelha direita e parte da minha face tinham sido ‘arrancadas’. Os meninos não sofreram quase nada (um sobrinho quebrou o braço), assim como irmãs, cunhados e amigos.

Veja o relato completo.

O GLOBO

Foto: Wolf Wagner

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