15 de fevereiro de 2022 às 10:58
Novak Djokovic disse que prefere perder futuros torneios de tênis do que ser forçado a receber uma vacina contra a Covid.
Em entrevista exclusiva para a BBC, ele disse que não está ligado ao movimento antivacina, mas que apoia o direito de escolha de um indivíduo.
Perguntado se aceitaria ficar de fora de competições como Wimbledon e o Aberto da França por causa de sua posição sobre a vacina, Djokovic respondeu: "Sim, esse é o preço que estou disposto a pagar."
O tenista que já venceu 20 torneios Grand Slams em sua carreira foi deportado da Austrália no mês passado, depois que o governo cancelou seu visto em uma disputa sobre seu status de vacinação.
Djokovic, que é o tenista número um do mundo, alegou que havia obtido uma isenção médica para entrar no país para jogar o Aberto da Austrália, pois tinha se recuperado recentemente da Covid-19.
No entanto, o ministro da imigração do país, Alex Hawke, cancelou pessoalmente o visto de Djokovic, alegando que sua presença poderia incitar "agitação civil" e incentivar o movimento antivacina.
"Eu nunca fui contra a vacinação", afirmou ele à BBC, dizendo que tomou vacinas quando criança, "mas sempre apoiei a liberdade de escolher o que você coloca em seu corpo."
Na primeira entrevista concedida desde que foi detido em Melbourne em janeiro, Djokovic falou à BBC sobre especulações sobre seu caso positivo de Covid em dezembro e discutiu sua própria atitude em relação à vacina.
Djokovic disse esperar que os critérios de vacinação em torneios de tênis mudem, acrescentando que espera "poder jogar por muitos mais anos".
Mas ele também confirmou que estava disposto a abrir mão da chance de se tornar estatisticamente o maior jogador de tênis masculino de todos os tempos porque ele diz ter muita convicção sobre suas posições. O rival de Djokovic, Rafael Nadal, conquistou 21 títulos de Grand Slam — mais do que qualquer outro tenista masculino na história.
Questionado sobre o motivo, ele respondeu: "Porque os princípios de tomada de decisão sobre meu corpo são mais importantes do que qualquer título ou qualquer outra coisa. Estou tentando estar em sintonia com meu corpo o máximo que posso".
Djokovic disse que "sempre foi um grande aluno de bem-estar, saúde e nutrição", e que sua decisão foi influenciada pelo impacto positivo que mudanças em sua dieta e em seus padrões de sono tiveram em suas habilidades esportivas.
Ele disse que estava "mantendo a mente aberta" sobre a possibilidade de ser vacinado no futuro, "porque estamos todos tentando encontrar coletivamente a melhor solução possível para acabar com a Covid".
"Eu nunca fui contra a vacinação. Eu entendo que, globalmente, todos estão tentando fazer um grande esforço para lidar com esse vírus e chegar, espero, a um fim em breve para esse vírus."
Criado em meio a duas guerras na ex-Iugoslávia por pais que venderam o ouro da família e pegaram empréstimos com agiotas para financiar suas ambições, Djokovic é fluente em seis idiomas e é possivelmente o maior jogador de tênis da história; e também um libertário profundamente comprometido, que acredita fortemente na autonomia individual.
Ele claramente pensou bastante sobre o conflito entre a autonomia individual e o bem coletivo — e ele defende que, como um atleta de elite, seu corpo é assunto seu. Ele diz que tem uma mente aberta, mas do jeito que as coisas estão, ele afirma que não vai se vacinar.
Na entrevista para a BBC, Djokovic também abordou especulações sobre os eventos que antecederam o Aberto da Austrália em janeiro.
Alguns sugeriram que era conveniente que o caso positivo de Covid de Djokovic em meados de dezembro tivesse ocorrido bem a tempo de ele receber uma isenção médica para participar do torneio.
"Eu entendo que há muitas críticas e entendo que as pessoas apresentam teorias diferentes sobre a sorte que tive ou o quão conveniente é", disse.
"Mas ninguém tem a sorte e a conveniência de pegar Covid. Milhões de pessoas têm Covid e ainda estão lutando contra a doença em todo o mundo. Então eu levo isso muito a sério, eu realmente não gosto que alguém pense que eu manipulei algo ou distorci em meu próprio favor para obter um teste PCR positivo e conseguir ir para a Austrália."
Perguntado se ele estava ciente de qualquer tentativa de adulterar qualquer um dos testes que ele havia feito para Covid — no início deste mês, uma reportagem da BBC havia lançado dúvidas sobre o caso — ele disse categoricamente que não.
Ele também falou sobre o tempo que passou detido em Melbourne no mês passado.
"Fiquei muito triste e desapontado com a forma como tudo terminou para mim na Austrália", disse ele. "Não foi fácil."
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Folha de S. Paulo
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