Blog do Dina - Putin e Zelenski avançam para acordo na guerra da Ucrânia; ataques continuam


Putin e Zelenski avançam para acordo na guerra da Ucrânia; ataques continuam

16 de março de 2022 às 9:16

Rússia e Ucrânia avançaram nas negociações para chegar a um cessar-fogo na invasão promovida por Vladimir Putin no país vizinho, que completará três semanas na madrugada desta quinta (17).

Não que a paz esteja à mão: novos ataques russos em Kiev e em outras cidades do país, como Kharkiv, indicam a estratégia do Kremlin de manter a pressão militar alta enquanto tenta arrancar os termos mais próximos de suas demandas dos ucranianos.

O presidente ucraniano, o acuado Volodimir Zelenski, disse em mensagem nesta quarta (16) que "os encontros continuam e as posições durante as negociações já soam mais realistas". "Mas tempo ainda é necessário para as decisões que sejam do interesse da Ucrânia", afirmou. As conversas virtuais seguem.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, concedeu entrevista ao site RBC e disse que há "esperança de acomodação" acerca da neutralidade que Moscou quer ver entronizada na Constituição da Ucrânia, rejeitando a possibilidade de adesão à Otan, a aliança militar ocidental.

O Kremlin, comentando o caso, foi além e sugeriu que a Ucrânia deveria olhar para os modelos da Áustria e da Suécia de neutralidade. "Essa é uma variante que está sendo discutida e que poderia ser vista como um acordo", disse o porta-voz Dmitri Peskov. A Presidência ucraniana, porém, informou nesta quarta que rejeita tal sugestão, afirmando que as negociações devem se concentrar em "garantias de segurança".

O caso austríaco é mais eloquente. Ocupado pelos Aliados e pela União Soviética, em vez de ser dividido como a Alemanha no pós-guerra o país inseriu em sua Constituição uma renúncia a participar de pactos militares, em 1955. Mais significativo para a Ucrânia, em 1995 Viena entrou na União Europeia, outro desejo de Kiev malvisto pelo Kremlin.

Neste caso, disse Peskov, a Ucrânia seria desmilitarizada, como prometeu Putin, mas manteria Forças Armadas. Os ataques a fábricas de material de defesa ucranianas, intensificados nesta semana, podem indicar que os russos querem deixar a tal desmilitarização feita na prática.

Já a Suécia é um exemplo mais complexo. Sua neutralidade veio após o fim das guerras napoleônicas, com a chamada Política de 1812. Ela não integra a Otan, mas tem uma sofisticada indústria de defesa criada de olho na Rússia e está bastante integrada à aliança. Tanto ela como a também neutra Finlândia têm discutido uma adesão formal ao pacto. "O status neutro está sendo discutido seriamente agora, juntamente, claro, com garantias de segurança", afirmou Lavrov.

Tais garantias já estavam colocadas no ultimato feito em dezembro por Putin, enquanto juntava tropas em torno do vizinho. Para o russo, estrategicamente é inaceitável ter um país da Otan do tamanho da Ucrânia nas suas fronteiras. Dois séculos de invasões por ali pesam no processo decisório.

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Folha de S. Paulo

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