29 de julho de 2022 às 11:57
Eu já comentei a respeito de um dos dons mais notáveis na oratória. Eu adoraria tê-lo.
É a capacidade de fugir do lugar-comum e não dizer o que as massas querem ouvir.
Ao contrário, argumentar arrancando virtudes de onde não há.
Se eu tivesse essa capacidade, faria um elogio a Carlos Eduardo Alves.
Seria um tributo à traição.
A virtude da perfídia que eu encontraria em Carlos Eduardo Alves está em sua habilidade em me elogiar, ao mesmo tempo que me processa.
Não exatamente a mim, mas à 96 FM, através de um comentário que fiz.
Comentei que qualitativas indicavam haver espaço para um terceiro candidato ao Senado e que a tendência seria de disputa polarizada entre Carlos Eduardo e Rogério Marinho.
Carlos Eduardo pediu quase 100 mil na Justiça Eleitoral porque eu, além de Ênio Sinedino, teríamos agredido a legislação.
Não me sinto mais obrigado a manter em off uma conversa por telefone com Carlos Eduardo Alves onde ele disse que eu era a pessoa mais preparada do Jornal das 6.
Reconheci ali o canto da sereia. Sei que os acordes finais conduzem ao abate no afogamento.
Mas Carlos Eduardo não conseguiu travar meus pulmões e silenciar minha voz.
Manterei sob sigilo, Carlos, o horror que, naquela conversa você fez de Jean Paul Prates, com quem agora se refestela.
É mais uma virtude da traição a que você dá rosto.
Outra virtudade da perfídia é a resolutividade inabalável de perseguir um objetivo (prejudicar a 96 através de mim) que se oponha a um valor já apresentado (me elogiar como o melhor).
Mas Rodrigo Telles, o procurador que opinou no processo movido por Carlos Eduardo, concorda com a afirmação do ex-prefeito de que sou preparado.
Negou o pedido.
Argumentou que meu comentário não feria a lei eleitoral.
Te desejo, Carlos, até por estar me esforçando para elogiar a traição, um destino diferente de todos aqueles que embarcam na perfídia: a sepultura moral.
Mas você não deve estar incomodado, pois sua desenvoltura demonstra que tua honra e consciência jazem em paz.
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