Blog do Dina - Aliados de Bolsonaro usam trecho de plano do PT para afastar agro de Lula


Aliados de Bolsonaro usam trecho de plano do PT para afastar agro de Lula

17 de agosto de 2022 às 12:48

Apesar de o PT já ter afirmado que se tratou de um erro, aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) usam um trecho do plano de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para afastar o setor do agronegócio da campanha petista.

Em documento com diretrizes de governo, Lula incluiu uma proposta de regulação da produção agrícola. A campanha petista diz que foi uma falha e que o trecho será suprimido.

No entanto, ministros, parlamentares e empresários do setor aproveitam desse dispositivo para consolidar o apoio da maioria ruralista a Bolsonaro.

O PT tem tentado se aproximar do setor com o apoio principalmente de parlamentares de Mato Grosso e da família Maggi —inclusive Blairo Maggi, um dos maiores produtores de soja do Brasil, cacique político de Mato Grosso (hoje no Progressistas) e ex-ministro da Agricultura do governo Michel Temer (MDB).

A campanha de Lula declarou que a referência à regulação da produção agrícola foi um equívoco.

Mesmo assim, por ser um texto de conteúdo vago, abriu brecha para que agricultores e políticos próximos a Bolsonaro interpretassem a mensagem como uma possível interferência no mercado –medidas que não foram adotadas nos governos do PT.

Aliados do presidente dizem que o setor do agronegócio vê com ceticismo a mudança no plano de governo de Lula para retirar o trecho do documento e citam que, neste ano, 22 deputados do PT apresentaram um projeto na Câmara com conteúdo nesse sentido.

A proposta prevê a cobrança de imposto de exportação sobre grãos (como soja, arroz e milho) e carnes (de bovinos, suínos e frangos) em situação de ameaça ao abastecimento interno.

Segundo os parlamentares petistas, o objetivo é combater "a abusividade dos volumes de alimentos exportados pelo país num contexto de situações sistemáticas de volatilidade dos preços e insuficiência do abastecimento interno desses produtos".

O presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Marcelo Bertoni, rechaça a ideia.

"Não alivia em nada. Isso é feito em países de esquerda, como Argentina, e pode até reduzir o preço no curto prazo, mas não resolve o problema. O setor já é regulado e, com ideias como essa, vamos voltar a ter muita insegurança jurídica como nos governos do próprio PT", disse.

A ideia na campanha de Bolsonaro é explorar ao máximo a proposta que apareceu na versão inicial do programa petista para evitar que a tentativa de Lula de se aproximar do agronegócio ganhe força.

A avaliação é que a sugestão apresentada pelo PT foi a melhor arma dada pelo partido até o momento para o chefe do Executivo conseguir conter qualquer avanço petista no setor.

Na visão de atores que traçam as estratégias de Bolsonaro à reeleição, a palavra regulação por si só é negativa e facilita a vinculação das políticas petistas com medidas de intervenção no setor econômico que costumam afastar Lula do empresariado.

Veja a matéria completa.

Folha de S. Paulo

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