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Dina Verifica: IBGE tem celular com urna eletrônica para roubar biometria de eleitores de Bolsonaro?

10 de setembro de 2022 às 10:58

Depois de dois anos de atraso, por causa da pandemia e da falta de orçamento, o Censo Demográfico começou a ser realizado no Brasil. Organizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as coletas domiciliares devem acontecer até o final de outubro de 2022.

O maior deles tem sido a recusa de muitas pessoas em responder a pesquisa. Além disso, os recenseadores também reclamam do atraso no salário e, por isso, muitos deles já abandonaram o emprego.

E de acordo com uma história que está circulando nas redes sociais, parece que o Censo 2022 está sendo usado para outros fins. Segundo o áudio que acompanha a publicação, os recenseadores do IBGE estariam usando celulares com urna eletrônica para roubar a biometria e outros dados de eleitores de Bolsonaro.

Ainda segundo a história, o PT estaria envolvido em todo o esquema. Confira:

“Boa noite para todo mundo do grupo aí. Vou dar uma informação aí, que é pra urma ficar ligeiro, viu? Porque tá passando a turma aí, tipo IBGE, tal de Censo nas ruas aí. Passou aqui em casa, justo na hora do almoço, justo eu tinha acabado de chegar pra mim almoçar, porque eu tava fazendo os bairros e voltei. E ela veio com um papo furado que tá fazendo pesquisa pra ver quem que é Bolsonaro, quem que é Lula, quem que é outro partido e papapa. Aí, tudo bem, fui falando com ela, ela foi falando as informações, foi pondo no aplicativo dela, no celular, um celular avaliado mais ou menos nuns 11 mil reais, porque é o… um dos mais caros que tem da Apple. Já vi o celular, já falei: aí tem. Ela não tava bem vestida não, tava uniformizada, tava com um crachá. Ele também tava com um crachá também do outro lado da rua. Ela fazia um lado da rua e ele o outro. Fizeram o bairro meu. Eles não são daqui, porque perguntaram o nome da rua, perguntaram o CEP da cidade e patati, patata. Aí, depois de todas essas informações que ela pediu, ela perguntou pra mim se em quem eu ia votar. Eu falei: mas eu já falei umas 10 vezes pra você que é Bolsonaro, aqui todo mundo é Bolsonaro. A região aqui quase todo mundo é Bolsonaro. Não tem Lula aqui, é tudo Bolsonaro. Não, mas eu não tô falando que é do Lula. Eu falei: eu sei. Mas eu já falei pra você que é Bolsonaro, né? Ela falou: então, no aplicativo aqui daria pra você escolher o seu presidente, se você apertar aqui. Eu falei: eu não vou por minha mão no seu celular, porque aperta aí: Bolsonaro! Ela falou: não, tem que ser o senhor. Aí, eu estranhei. Viu, mas porque que eu que tenho que pôr o dedo aí? Por quê? Porque ele quer pegar a digital, né? Aí, eu olhei no aplicativo dela e disse: deixa eu dar uma olhada. Coloquei o óculos, olhei, era uma urna eletrônica. É mole? Uma urna eletrônica.

Então, tá o aviso aí. Tão passando nas casas aí, fazendo a turma colocar o dedo. Você colocou o dedo, toda informação sua, eles têm tudo. É só entrar no hack… um hacker entrar na Polícia Federal, sabe tudo da sua vida, amigo. Tendeu? Aí, o que que acontece. Na hora de votar, quando você for votar lá, já votaram no seu lugar, porque passaram essas informações pra outra urna lá. Então, vai ter fraude nessa eleição, com certeza vai ter. Então, eu tô alertando a turma aí. Fique esperto, esse negócio de Censo, de IBGE, isso não é desse jeito, nunca vi isso aí. Então, tá o alerta aí. Vou colocar nos grupos aí o alerta, pra todo mundo ficar de olho, hein? Porque a turma do PT não é fácil não, viu? Brincadeira, meu”.

IBGE tem celular com urna eletrônica para roubar biometria de eleitores de Bolsonaro?

INFORMAÇÃO FALSA

Os fatos

1- A informação viralizou nas redes sociais, em especial, no WhatsApp e no Telegram e deixou muitos bolsonaristas revoltados. Apesar disso, a história não é verdadeira. A explicação fica por conta da falta de provas e de detalhes absurdos que não fazem muito sentido.

2- A mensagem apresenta as principais características de fake news na internet, como o caráter vago, extremamente alarmista, os erros ortográficos, a falta de fontes confiáveis e a ausência de informações sobre o assunto em veículos de comunicação confiáveis.

3- Ao analisar o áudio da história, é possível perceber que a denúncia não tem lógica alguma. O censo 2022, promovido pelo IBGE, não tem nenhuma pergunta sobre quem a pessoa vai votar. O questionário básico tem apenas 26 questões. Já o questionário completo, aplicado apenas a uma pequena parcela da população, tem 77 perguntas.

4- As questões visam conhecer as principais características do domicílio e dos moradores, também dados mais detalhados sobre educação, saúde, meios de deslocamento e outros assuntos que afetam o dia-a-dia da população. Nenhuma pergunta é sobre posicionamento político.

5- Se isso não bastasse, as pessoas citadas na história poderiam até ser falsos agentes do IBGE, mas a ação claramente se configura como crime eleitoral, uma vez que enquetes e sondagens estão proibidas desde o dia 15 de agosto. Obviamente, seria muito fácil identificar essas pessoas e puni-las.

6- Além disso, caso as pessoas tenham dúvidas sobre o recenseador do IBGE, IBGEpodem consultar a identidade dos entrevistadores por meio do site do IBGE.

7- E mesmo que isso fosse real, seria impossível cumprir com o pedido. Primeiro, porque não é possível votar com uma urna eletrônica no celular. Em 2020, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) chegou a estudar a possibilidade e até fez uma chamada pública para empresas de tecnologias apresentarem soluções seguras para uma possível votação via internet. Entretanto, a proposta não foi para frente. Muito provavelmente, porque não conseguiram desenvolver uma opção segura e viável.

8- Segundo, porque mesmo que a biometria seja “copiada pelo celular”, não valeria de nada no dia das eleições. Na hora da votação, a pessoa precisa colocar o dedo no aparelho de registro da digital. Por isso, não adianta ter um registro biométrico no celular ou tentar usar um dedo de borracha ou coisa parecida. Caso os mesários identifiquem qualquer coisa estranha, podem impedir que a pessoa vote.

9- Por fim, a história do hacker e da Polícia Federal mais parece um filme estadunidense de ação, onde as pessoas entrariam facilmente nos sistemas institucionais e conseguiriam acessar os dados de todas as pessoas do mundo. A coisa é muito mais difícil do que parece e não funciona dessa forma. Na realidade, com a quantidade de dados que fornecemos em nossas redes sociais e em sites, não precisaria de tanta sofisticação para conseguirmos dados de várias pessoas.

Fonte: Boatos.org

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

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