14 de outubro de 2022 às 15:24
Beneficiários do Auxílio Brasil denunciaram uma cobrança irregular, feita por alguns servidores dos Centros de Referência de Assistência Social de Natal (Cras) de Natal, para conseguir agendar atendimento do Cadastro Único. Os valores pedidos chegariam a R$ 100.
A Inter TV Cabugi recebeu denúncias de pessoas que foram abordadas. Uma delas confessou que pagou o valor exigido para conseguir atendimento.
Filas têm se formado ao longo dos últimos dias nos pontos de atendimento, na capital potiguar, e usuários afirmam que estão voltando para casa sem conseguir atendimento. Quem tentar agendar o serviço pelo aplicativo disponibilizado pelo município diz que também não consegue.
Os beneficiários que não atualizam o cadastro desde 2017 tinham prazo até esta sexta-feira (14) para atualizar os dados, sob pena de ter o benefício suspenso.
Na noite de quinta-feira (13), o governo federal informou a ampliação do prazo por mais 30 dias. Sem saber da informação, algumas pessoas chegaram a dormir sobre papelões na frente do CadÚnico no bairro da Ribeira, Zona Leste de Natal.
Em um áudio ao qual a Inter TV Cabugi teve acesso, uma mulher oferece o agendamento pago a uma das pessoas que estavam na fila do CadÚnico do bairro da Ribeira, na Zona Leste de Natal.
"Oi, (nome suprimido). Bom dia! Tudo bem? Meu primo que trabalha no Cras está cobrando R$ 100 para fazer o agendamento. Se você for querer, me avise, para mim (SIC) agendar com ele, certo?", diz a autora do áudio.
Outra beneficiária, que deu entrevista, mas pediu para não ser identificada, confirmou que pagou o valor a uma servidora, por meio de uma transferência pix.
"Uma pessoa lá de dentro me cobrou R$ 100, aí eu fui e tive que fazer um pix para ela poder me dar a ficha para eu recadastrar meu Bolsa Família [Auxílio Emergencial, que substituiu o programa anterior]. Eu não teria conseguido, estaria na fila até hoje se eu não tivesse pagado. Só tenho esse benefício. Se não pagasse para fazer o recadastramento, eu tinha perdido", relatou a testemunha.
"Está errado, de vender de sair vendendo as vagas. Porque a gente entra no aplicativo e não consegue. Quando entra, já estão encerradas as vagas", acrescentou.
Outro beneficiário disse que a esposa foi abordada e ofereceram o atendimento por R$ 50. "Aqui no bairro há uma servidora que cobra R$ 50. Chegou a abordar minha esposa oferecendo o serviço, mas ela não quis. Conseguirmos o agendamento pelos meios oficiais", declarou.
Em nota, a Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social de Natal (Semtas) informou que recebeu a notícia com preocupação e que repudia qualquer a irregularidade.
A secretaria afirmou que "todas as medidas estão sendo tomadas, a partir do momento em que tomou conhecimento dos fatos, para que tudo seja devidamente esclarecido".
O órgão municipal disse que vem reforçando os locais de atendimento de Cadastro Único, nos 15 locais disponíveis, "como também nas ações extras promovidas ao longo do ano para minimizar essa problemática que atinge todo o país".
g1 RN
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