Blog do Dina - A Trincheira: Como uma obra em Natal expôs e uniu os interesses da deputada Natália Bonavides e da advogada Tatiana Mendes Cunha


A Trincheira: Como uma obra em Natal expôs e uniu os interesses da deputada Natália Bonavides e da advogada Tatiana Mendes Cunha

6 de junho de 2023 às 8:39

Algumas figuras têm características tão próprias de defender aquilo que lhes convém que tão logo se metem em algum tipo de embate surge a inevitável pergunta que marca sua atuação: qual o interesse de fulano nisso?

Pessoas envolvidas em audiência promovida na Câmara Municipal de Natal nesta segunda têm essa marca.

Embora leve público no nome, a audiência teve também interesses menos confessáveis, o que é demonstrado por fatos e não minha mera opinião.

Abundam evidências de que o que amalgamou a deputada federal Natália Bonavides e a advogada Tatiana Mendes Cunha foi a defesa dos próprios interesses para barrar uma obra no cruzamento das avenidas Hermes da Fonseca e Alexandrino de Alencar.

Como pode soar egoísta demais admitir isso é preciso travestir as intenções com o aroma do interesse público, o que de fato existe na questão e torna mais difícil captar as intenções primitivas.

Por ordem de grandeza, comecemos pela deputada federal Natália Bonavides.

Todo o discurso que ela levantou ontem sobre a negligência da prefeitura com o transporte público e a priorização de uma política que foca em veículos particulares foi trucidado pela realidade e pelo governo do qual Natália é sócia: o de Lula.

Corrijam-me se eu estiver errado, mas, se não me engano, o governo de Lula da Silva acaba de lançar um pacote de incentivo à compra de carros. E também acabou de permitir que a pasta do Meio Ambiente fosse desfigurada, apequenando Marina Silva.

A política de carros se trata de algo retrógrado. Em qualquer nação desenvolvida não passaria isso jamais.

É também algo que exclui o transporte público e prioriza o particular, algo tão combatido por Natália Bonavides em Natal.

Silenciar sobre Lula e atacar Álvaro Dias por motivo idêntico desmascara que não tem ralação com meio ambiente ou com impacto social a mobilização de Natália. 

O auge da escandalização, no entanto, é ela admitir que vai ao Ministério das Cidades para dificultar o andamento da obra. 

Não se enganem. Tem a ver com política. A política que beneficia Natália, mesmo que para tanto venha a causar prejuízo a Natal.

Passemos a Tatiana Mendes Cunha

Ela já tem se empenhado publicamente contra essa intervenção. Ontem, entre o tanto que falou, disse que consegue prevê o caos que a obra vai gerar para Natal. 

Não tenho competência para discutir sobre caos com Tatiana, que tem autoridade reconhecida no assunto ao passar pelo gabinete civil do ex-governador Robinson Faria. 

Mas quero permitir-me dizer que coisas que ela afirmou ontem não são verdadeiras, como dizer, para amparar seu raciocínio, que o número de carros em Natal está caindo a cada ano.

Quero acreditar na seriedade de uma mulher bem instruída e que as afirmações foram dadas por engano e não por má-fé, pois aí eu teria de chamá-la de mentirosa, o que, repito, quero acreditar que ela não é.

Em 2018, Natal tinha 408 mil veículos. Foram 419 mil no ano seguinte. 427 mil em 2020. 435 mil em 2021 e 443 mil no ano passado. Os veículos não param de crescer em Natal, ao contrário, de fato, da população, que caiu. Os dados são do IBGE

Fato é que há mais carros nas ruas a cada ano.

Não acho que essa estatística influa tão decisivamente no debate. Mas a maneira como Tatiana traz as informações, sem assento na realidade, dizem muito sobre a disposição para barrar a obra. 

Por quê? Qual o interesse? 

Não está errado ter um escritório de advocacia na altura do cruzamento da obra e vê-lo ameaçado pelas intervenções. Deixar isso no debate claramente não é pecado. 

Por fim...

A prefeitura deveria manter a sociedade bem informada a respeito do que está acontecendo. Isso inclui manter facilmente acessível todos os documentos relativos a essa intervenção.

Os vários que tenho obtive por conta de inquéritos aberto no Ministério Público ao qual requisitei via Lei de Acesso à Informação.

Essa postura da prefeitura só ajuda a quem está disposto a contar qualquer história na trincheira desse embate.
 

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