Blog do Dina - Como a ciência explica fake news coletiva envolvendo Globo, Dragon Ball e 11 de Setembro


Como a ciência explica fake news coletiva envolvendo Globo, Dragon Ball e 11 de Setembro

11 de setembro de 2023 às 16:15

Nesta segunda-feira, 11 de setembro, o mundo relembra os 22 anos do atentado terrorista às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, nos Estados Unidos. No Brasil, a memória de muitas pessoas em relação ao evento histórico ficou marcada pelo plantão de notícias da TV Globo, que interrompeu sua programação para veicular em tempo real o ocorrido.

Entretanto, muitos brasileiros se equivocaram com um detalhe em relação à programação da emissora naquele fatídico 11 de Setembro de 2001. Para muita gente, a Globo exibia o desenho animado "Dragon Ball Z" quando subitamente o plantão jornalístico entrou no ar. Os termos, aliás, figuram entre os assuntos mais repercutidos hoje pelos internautas no X, antigo Twiter.

A verdade, porém, era que "Dragon Ball Z" não foi interrompido porque a animação sequer foi ao ar naquela data. No momento em que o correspondente da Globo noticiou o atentado, era exibido o desenho do "Mickey e Donald", no programa "Bambuluá", comandado por Angélica nas manhãs da emissora.

O primeiro plantão durou cerca de quatro minutos até que o canal retornou com o programa infantil. Pouco tempo depois, a Globo cancelou o "Bambuluá" e dedicou o horário a noticiar o atentado até que o "Jornal Hoje" fosse ao ar — na época, o telejornal começava às 13h.

É verdade que "Dragon Ball Z" integrava a lista de desenhos do "Bambuluá", mas a animação japonesa só era exibida por volta das 11h15, quando aquela edição do programa já havia sido cancelada. Além do infantil, também foram derrubados da programação o telejornal local e o "Globo Esporte".

Como a ciência explica a crença nessa fake news coletiva?

  • O fenômeno que faz com quem muitas pessoas criem memórias falsas para recordar algum acontecimento é conhecido como "efeito Mandela".
  • O conceito foi criado por Fiona Broome, que define a si mesma como uma pesquisadora paranormal. A expressão leva o nome do ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela (1918-2013) porque Fiona usou sua crença pessoal de que o líder sul-africano havia morrido na prisão, e perceber que ela não era a única com a acreditar nisso.
  • Assim como Broome, muitas outras pessoas também chegaram a acreditar que Mandela teria morrido quando esteve na cadeia. Fiona escreveu um artigo sobre o assunto e foi a partir desse momento que o conceito de memórias falsas coletiva passou a ser repercutido em páginas de discussão na internet, como fóruns e redes sociais, segundo estudo publicado pelo site de notícias acadêmicas The Conversation e repercutido pela BBC.
  • O assim denominado "efeito Mandela visual" traz consigo riscos por também alimentar teorias da conspiração. De acordo com o estudo publicado pelo The Conversation, após um experimento com algumas pessoas, em que foram apresentadas três versões de um mesmo ícone cultural, em que uma versão era a verdadeira e as outras duas eram manipuladas, ficou comprovado que o efeito Mandela é um "erro de memória real e consistente".
  • Segundo o estudo, mesmo quando as pessoas são apresentadas à versão correta do ícone, elas ainda escolhiam a versão incorreta. Quando solicitadas a desenhar de forma livre os ícones de memória, as pessoas também incluíam as características incorretas, mas que soam verdadeiras em suas mentes.
  • O estudo também apontou que não existe um causa universal para esse "efeito Mandela visual". Os pesquisadores acreditam que diferentes imagens podem gerar esse delírio coletivo por diferentes razões, inclusive aquelas relacionadas a expectativas anteriores para uma imagem, por exemplo.

Splash UOL

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