6 de março de 2024 às 14:57
De tanto se falar nos fugitivos Rogério da Silva Mendonça, o Querubin, e Deibson Cabral Nascimento, o Deisinho, eles já são influenciadores. E são, não é mesmo? Tem 600 homens seguindo eles na mata. Tem cão farejador. Tem grandes aparatos. Só mesmo influenciadores têm esse magnetismo. Em uma virada inesperada de eventos, a dupla que desafiou as máximas seguranças penitenciárias de Mossoró transformou-se em figuras públicas com uma legião de seguidores bem diferente: uma força-tarefa composta por agentes da elite policial.
Este cenário, que mais parece tirado de um filme de ação, traz à tona a peculiaridade da situação. A caçada por Querubin e Deisinho se tornou um verdadeiro espetáculo midiático, com helicópteros sobrevoando, drones vasculhando cada canto e cães farejadores em seu encalço. Se antes a fama era medida por curtidas e visualizações em redes sociais, agora ela se contabiliza pelo número de recursos e esforços despendidos para sua captura.
A ironia não para por aí. Graças à magia da inteligência artificial, os fugitivos ganharam não só vida fora das grades mas também uma existência digital. A partir de comandos do Blog do Dina, um vídeo criado por IA onde eles são os protagonistas, satiriza não apenas a sua fuga espetacular, mas também a colossal operação montada para recapturá-los. A criação, um verdadeiro fenômeno viral, projeta os foragidos em uma nova luz, onde o perigo e o humor se entrelaçam, transformando-os em estrelas improváveis de um show que ninguém esperava assistir.
Esta transformação digital é um reflexo intrigante de nossa sociedade: a linha entre a notoriedade e a infâmia nunca foi tão tênue. Os foragidos, agora convertidos em personagens de uma narrativa maior que a vida real, desafiam as noções tradicionais de perseguição e captura. Em um mundo onde a atenção é a moeda mais valiosa, Querubin e Deisinho conseguiram o impensável – tornaram-se ícones de uma era onde até mesmo a fuga da prisão pode ser material para influência digital.
Assim, enquanto as autoridades continuam sua busca incansável, o episódio levanta questões sobre o poder da mídia, da tecnologia e da influência. Em uma era dominada por telas e conteúdo digital, até mesmo uma fuga de prisão pode virar entretenimento, fazendo-nos questionar: estamos consumindo a realidade, ou ela está consumindo a nós?
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