3 de abril de 2024 às 13:19
O Ministro da Casa Civil do Governo Lula, Rui Costa, foi delatado na investigação sobre a compra de respiradores do Consórcio Nordeste, caso revelado com exclusividade pelo Blog do Dina em 2020. A delação que implica o Ministro, feita pela empresária Cristiane Taddeo, afirma que houve pagamento de comissões com a anuência do Governador. Essas informações também foram reveladas em primeira mão, ainda em 2020, em reportagem que o Blog do Dina fez em colaboração com a Tribuna do Norte.
Entenda
Nesta quarta feira (03) uma investigação da Polícia Federal encontrou indícios que ligam o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), a irregularidades em um contrato de R$ 48 milhões para a compra de respiradores durante a pandemia. À época, ele era governador da Bahia.
O nome de Costa foi citado em delação premiada da empresária responsável pelo negócio, que devolveu R$ 10 milhões aos cofres públicos e apresentou extratos bancários de transferências a intermediários da venda. O UOL teve acesso ao conteúdo da delação.
Os respiradores nunca foram entregues, e os valores — pagos adiantados — não foram totalmente recuperados. Um dos mais influentes ministros do governo Lula, Rui Costa nega as acusações. Foi ele, como governador, quem determinou a investigação sobre o caso — o que ele ressalta para negar envolvimento com irregularidades. Costa afirma nunca ter tratado "com nenhum preposto ou intermediário sobre a questão das compras deste e de qualquer outro equipamento de saúde".
O pagamento adiantado, segundo ele, era a condição de mercado "vigente" para a compra de respiradores no início da pandemia. O inquérito está em fase final na PF e corre na Justiça Federal da Bahia, pois envolve fatos do mandato anterior de Costa, antes de virar ministro. Ele governou o estado de 2015 a 2022.
O contrato, assinado em abril de 2020, no início da pandemia de covid-19, previa a compra de 300 respiradores importados da China. O material iria abastecer os estados integrantes do Consórcio Nordeste, presidido na época pelo petista.
A delação premiada
A empresária Cristiana Prestes Taddeo, da Hempcare, que recebeu R$ 48 milhões do governo mas não entregou nenhum respirador, fechou um acordo de delação premiada em 2022 com a vice-procuradora-geral da República na época, Lindôra Araújo.
A colaboração foi homologada pelo ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Og Fernandes, também em 2022. Em troca de benefícios processuais, Taddeo devolveu R$ 10 milhões aos cofres públicos e confessou uma série de irregularidades no negócio.
Ela afirmou que o contrato foi redigido de forma desfavorável ao governo da Bahia, prevendo pagamento adiantado. Disse ainda que a empresa não possuía as documentações necessárias para a operação e que recebeu informações privilegiadas para apresentar sua proposta de preço ao governo.
Na delação, Taddeo afirmou aos investigadores que a contratação da Hempcare foi intermediada por um empresário baiano que se apresentou como amigo de Rui Costa e da então primeira-dama, Aline Peixoto.
Esse amigo teria cobrado o pagamento de comissões pelo negócio, que totalizaram R$ 11 milhões. A PF e o Ministério Público Federal apuram se as "comissões" seriam propinas destinadas a agentes públicos.
Uma operação de busca e apreensão foi deflagrada em abril de 2022 para aprofundar as investigações sobre o caso.
Com informações do UOL
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