Blog do Dina - Jean Paul ironiza rumores sobre saída da Petrobras


Jean Paul ironiza rumores sobre saída da Petrobras

5 de abril de 2024 às 9:28

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, usou as redes sociais na tarde da quinta-feira (4) para ironizar os rumores sobre eventual demissão do cargo. “Jean Paul vai sair da Petrobras?”, questiona um usuário do aplicativo de mensagens. “Acho que após as 20h02. Vai pra casa jantar… E amanhã às 7h09 ele estará de volta na empresa, pois sempre tem a agenda cheia”, responde.

A reação de Prates ocorre sob o contexto de sua eventual saída da estatal. A crise sobre os dividendos ganhou novos contornos políticos, inclusive com especulações de nomes para o comando da companhia. O presidente da Petrobras solicitou uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar do futuro da empresa. Não há ainda data para o encontro.

No início de março, as ações fecharam em queda de 10,5%, o que significou perda de valor de mercado de R$ 55 bilhões em apenas um dia. O ruído no mercado ocorreu após o anúncio de que a Petrobras iria reter os dividendos extraordinários, avaliados em R$ 43,9 bilhões. Desde então, a crise na estatal tem escalado, inclusive com farpas entre Prates e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

O episódio da crise dos dividendos deixou Lula insatisfeito. Nos dias seguintes, o presidente ficou reflexivo sobre a atuação de Prates na chefia da Petrobras. De acordo com integrantes do governo, foram dois dias de negociação intensa em relação à posição do Conselho de Administração sobre distribuir ou não dos lucros da companhia.

Integrantes do primeiro escalão do governo argumentam que Prates fez um gesto ao mercado. Em Doha, capital do Catar, o presidente da estatal confessou ao ministro de Minas e Energia que um de seus objetivos era ser uma pessoa da área do petróleo. A viagem ocorreu antes da COP28, em Dubai, e serviu para atrair investimentos do Oriente Médio.

O episódio dos dividendos causou distanciamento entre Lula e Prates, segundo apurou a RECORD. Nos próximos dias, o presidente da Petrobras vai se reunir com o presidente da República. Segundo a imprensa nacional, Lula já estaria avaliando nos bastidores outros nomes para o comando da companhia.

O fato é que Jean Paul vem sofrendo um processo de fritura capitaneado pelo ministro Alexandre Silveira e até por membros do alto escalão petista, como o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Ambos interessados em colocar na maior estatal do país um aliado. Fontes do Palácio do Planalto dizem que o presidente do BNDES, Aloízio Mercadante, não foi procurado por Lula para assumir o posto em eventual saída de Prates. A secretária-executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, tampouco.

ALVO
Novamente no alvo do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, com quem vive um duelo público desde o início do governo, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, espera um aceno de Luiz Inácio Lula da Silva para ficar no cargo.

A mais recente investida de Silveira, feita em entrevista à Folha, foi vista com desconfiança por aliados do presidente da petroleira. Creem que as críticas subiram de nível e agora estão na mesa do presidente Lula, que deverá decidir por um dos dois lados a fim de colocar um ponto final na briga entre o petista e o ministro.

Lula tem ouvido de auxiliares que o duelo entre os dois chegou ao limite e que é preciso tomar uma decisão, ou seja, a demissão de Prates ou a sua permanência – o que consequentemente descredenciaria Silveira. A leitura é que uma decisão deverá ocorrer até a próxima semana.

Nas últimas semanas, Silveira vem se aproximando da Casa Civil em assuntos que hoje preocupam Lula e seus aliados no que diz respeito à queda de popularidade do governo, como o preço da energia elétrica.

Ele tenta emplacar uma medida provisória para antecipar pagamentos da privatização da Eletrobras e, com isso, reduzir a conta de luz. A estimativa do Ministério de Minas e Energia é que, ao antecipar todos os R$ 26 bilhões que entrariam no caixa da União ao longo de 30 anos, seria possível reduzir as contas de luz em 3,5%.

Auxiliares do presidente avaliam que a iniciativa deu certo e Silveira tem hoje o apoio do chefe da Casa Civil, Rui Costa – não só pela sintonia em agendas no campo da eletricidade, mas no interesse em opinar sobre quem iria suceder Prates na Petrobras.

São vários os nomes que circulam nos bastidores, desde técnicos do setor de óleo e gás e executivos, como Magda Chambriard e Ricardo Savini, da 3R, a petistas puro-sangue, como Aloizio Mercadante, presidente do BNDES.

Há também auxiliares de Costa na Casa Civil, como Miriam Belchior e Bruno Moretti, além do próprio ministro, e do secretário do Ministério da Fazenda Rafael Dubeux, indicado por Fernando Haddad, ao Conselho de Administração da companhia após o último duelo entre Prates e Silveira, sobre o pagamento de dividendos extraordinários da Petrobras.

Desde o seu primeiro mandato, em 2003, Lula optou por escolher petistas para o comando da empresa. Foi assim que nomeou o sergipano José Eduardo Dutra, em seu primeiro mandato, e o baiano José Sergio Gabrielli, no segundo. Prates foi senador petista pelo Rio Grande do Norte, antes de chegar à Petrobras. Sua indicação foi uma escolha do presidente, tomada ainda na transição.

Auxiliares recomendam o pagamento de dividendos

Nesta quinta-feira (4), auxiliares do presidente avaliavam, nos bastidores, que era preciso fazer o pagamento, uma vez que mais estudos avançaram e concluíram que não haveria prejuízo para os investimentos da companhia – com os quais o governo espera gerar empregos e turbinar a economia.

Na equipe econômica, há uma torcida para que os dividendos sejam pagos o mais rapidamente possível. Uma vez que a União é a maior acionista da estatal, isso iria reforçar o caixa do Tesouro, que luta para conseguir atingir a meta de déficit zero este ano.

Esses recursos também ajudariam no financiamento de obras do PAC, argumento que poderia ter sensibilizado Rui Costa. No último relatório bimestral de receitas e despesas, divulgado no final de março, o programa, bandeira do governo Lula, foi atingido pelo bloqueio de R$ 2,9 bilhões no Orçamento.

Também há o entendimento de que a distribuição reforçaria a governança da Petrobras, com efeito sobre a confiança dos investidores na empresa.

Os dividendos extraordinários da estatal não estão previstos no Orçamento de 2024, apenas os ordinários, que já foram distribuídos. O clima ainda é de cautela no governo Lula 3.

Tribuna do Norte

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